Nas décadas de 1970 e 1980, as editoras Espiritualista e Eco (vide aqui) disputavam acirrada e quase que exclusivamente o mercado de livros de umbanda, quimbanda e cultura popular. Elencarei abaixo alguns títulos que mostram como isso era feito de forma bastante explícita:
- Pomba-Gira (as duas faces da umbanda), Antonio Alves Teixeira, Ed. Eco
- Pomba Gira (mirongueira), José Ribeiro, Ed. Espiritualista
- Catecismo de umbanda, Ab'D 'Ruanda, Ed. Espiritualista
- Catecismo do umbandista, Pompílio Possera Eufrásio, Ed. Eco
- Oxalá (o médium supremo), José Ribeiro, Ed. Espiritualista
- Oxalá, Lucius (Antonio Alves Teixeira), Ed. Eco
- Dicionário africano de umbanda, José Ribeiro, Ed. Espiritualista
- Dicionário da umbanda, Altair Pinto, Ed. Eco
- Guia e ritual para organização de terreiros de umbanda, Tôrres de Freitas e Silva Pinto, Ed. Eco
- Formação e cruzamento de terreiros de umbanda, N. A. Molina, Ed. Espiritualista
- O poder das ervas na umbanda, José Ribeiro, Ed. Eco
- Ervas sagradas na umbanda, João Sebastião das Chagas Varella, Ed. Espiritualista
- Cerimônias da umbanda e do candomblé, José Ribeiro, Ed. Eco
- O ritual na umbanda e no candomblé, José Paiva de Oliveira, Ed. Espiritualista
- Despachos e oferendas na umbanda, Antonio Alves Teixeira Neto, Ed. Eco
- Manual de oferendas e despachos na umbanda e na quimbanda, N. A. Molina, Ed. Espiritualista
- Como desmanchar trabalhos de quimbanda (2 vols.), Antonio Alves Teixeira, Ed. Eco
- Como fazer e desmanchar trabalhos de quimbanda, N. A. Molina, Ed. Espiritualista
- Preto velho e seus feitiços, Antonio Alves Teixeira Neto, Ed. Eco
- Feitiços de preto velho, N. A. Molina, Ed. Espiritualista
- Livro de São Cipriano, Possidônio Tavares | Perdigão Vizeu | Botelho Sabugosa, Ed. Eco
- Idem, N. A. Molina, Ed. Espiritualista
- Livro da Cruz de Caravaca, Ed. Eco
- Idem, Ed. Espiritualista
- Como cortar olho grande, N. A. Molina, Ed. Espiritualista
- Como evitar o olho grande, Carlos Francisco Xavier, Ed. Eco
- A cura pela simpatia, N. A. Molina, Ed. Espiritualista
- Como fazer simpatias, Maria Bebiana Ferreira dos Santos, Ed. Eco
- Manual da cartomante, Yllema Hormazabal, Ed. Eco
- Antigo manual da cartomante, N. A. Molina, Ed. Espiritualista
- Manual de rezas e mandingas, Cândido Emanuel Félix, Ed. Eco
- Antigo breviário de rezas e mandingas, N. A. Molina, Ed. Espiritualista
-- Levantamento realizado em jun/2021 e atualizado em out/2023.
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segunda-feira, outubro 30, 2023
quinta-feira, maio 27, 2021
Não atualização em números de edição
Em 1951 foi publicada, pela Gráf. Ed. Aurora, a 2ª. edição de “Alquimia de Umbanda”:
Por volta de 1955, relançada na “Coleção Espiritualista” da mesma editora, esqueceram de atualizar o número da edição:
Em 1959, pela Editora Espiritualista, foi lançada a 3ª. edição de "O Espiritismo no Conceito das Religiões e a Lei de Umbanda":
Em 1983 foi lançada uma nova edição, com capa ilustrada e várias cores:
A folha de rosto do livro, entretanto, registrou igualmente "3ª. edição":
Em 1960, pela Editora Espiritualista, foi lançada a 2ª. edição de “Codificação da Lei de Umbanda”:
Mais tarde, na década de 1970 ou início da de 1980, já com capa ilustrada e várias cores, saiu uma nova edição:
Curiosamente, porém, foi mantida a mesma folha de rosto da 2ª. edição:
terça-feira, maio 25, 2021
segunda-feira, junho 08, 2020
Curiosidade editorial sobre "O Atalho" (Luciano dos Anjos, Publicações Lachâtre, 1995)
Logo que tomei em mãos O Atalho, obra de Luciano dos Anjos impressa em março de 1995, conforme página de dados editoriais, me intriguei com duas informações aparentemente destoantes, também constantes ali: a catalogação-na-fonte registra o ano 1993, mas o copyright é de 1994... O fato da última folha do livro ser colada na terceira capa também me intrigou. Explicação para tudo isso: já com a obra catalogada (ano: 1993, 328 p.), e portanto pronta para ser impressa, Luciano tratou de continuar a modificá-la... Coisa incrível! Ao contrário do que é explicitamente afirmado no Posfácio (datado de março de 1991), a revisão final não terminara naquela data. Basta ver que na Bilbiografia é citada, por exemplo, a referência Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 26.01.1995... Ou seja, é falso que o copyright da obra seja de 1994. Vale ressaltar também que as alterações levadas a cabo por dos Anjos resultaram em uma diminuição do número de páginas (de 328 para 326). Então, para que a obra permanecesse concorde com o registro, a editora, miserável, em lugar de criar uma folha extra para colocar o colofão no verso, tratou de indexar a primeira página do Sumário como p. 9 (na realidade é p. 7), resultando na última página, que apresentou o colofão, numerada como 328 (na realidade é 326)... E, como 326 não é um múltiplo de 4 (condição necessária para a formação dos "cadernos" de um livro), a última folha precisou ser colada na terceira capa!
sexta-feira, outubro 26, 2018
Curiosidades sobre a editora Livraria Freitas Bastos
(Edmar Arantes)
Em minhas pesquisas sobre a construção da literatura espiritualista no Brasil, realizadas desde há quase 15 anos, logo me deparei com uma editora realmente sui generis neste sentido. Trata-se da Livraria Freitas Bastos S/A, que a partir de 1960 "abraçou" vários espiritualistas "novidadeiros", portadores de evidente megalomania: Huberto Rohden (ex-padre católico, criador da Filosofia Univérsica), W. W. da Matta e Silva (propagador da chamada Umbanda Esotérica), o médium Hercílio Maes (que divulgava "informações" pra lá de extravagantes psicografando Ramatis), Diamantino Coelho Fernandes (que se achava a reencarnação do apóstolo Thiago e acreditava receber mensagens do Espírito de Maria de Nazareth)... Isso sem falar em Osvaldo Polidoro (fundador do Divinismo e que se dizia reencarnação de Allan Kardec), do qual a editora publicou ao menos uma obra ("Programa Divino e Curas Espíritas", 1965).
Reza a lenda que Yokaanam (Oceano de Sá) também andou flertando com a editora-livraria, mas esse era louco demais. Após 2 anos de espera para a publicação de um livro seu cujos originais foram deixados lá (a informação consta da 2a. ed. da obra "Yokaanam Fala à Posteridade", publicada em 1970), desfez o contrato com a editora, que, segundo ele, em represália ligou para todas as livrarias da Guanabara (antigo estado do Brasil, que existiu no território do atual município do Rio de Janeiro) solicitando que não aceitassem editar seus livros... Se é verdade o fato, não sei. Fica aí o registro...
*
A seguir, algumas curiosidades editoriais relacionadas à Livraria Freitas Bastos:
1959
-- Conforme consta do colofão de "A Sobrevivência do Espírito" (Ed. Divino Mestre, 1959), compunha e imprimia, o que indica que nesta época possuía parque gráfico próprio
1960
-- Publica, de Huberto Rohden, "O Sermão da Montanha", "Novos Rumos para a Educação" (2a. ed) e "O Espírito da Filosofia Oriental" (3a. ed.), além da 2a. ed. de "Umbanda de Todos Nós", de W. W. da Matta e Silva
-- Duas lojas, localizadas nos seguintes endereços: R. Sete de Setembro, 111 (Rio), e R. 15 de Novembro, 62/66 (S. Paulo)
1968
-- Mudança no endereço da loja do Rio: R. Sete de Setembro, 113 (cf. "Magia de Redenção", 1968)
-- Conforme colofão da obra referida acima, subentende-se que continuava a compor e imprimir, e isto até pelo menos fins de 1971 (cf. "Amazônia: perfis industriais", 1971)
-- Mudança no lôgo (cf. o já citado "Magia de Redenção", 1968, mas pode ter ocorrido antes, só que após 1964, visto que a 1a. ed. "Elucidações do Além", publicada nesse ano, ainda apresentava o anterior)
1973 (agosto)
-- Outra mudança de endereço no Rio: agora, R. Sete de Setembro, 127/129 (cf. 2a. ed. de "Doutrina e Aplicação do Direito Tributário", 1973)
-- Já terceirizava a composição e impressão (cf. obra acima citada)
1974 (julho)
-- Lôgo na lombada (verifiquei na 4a. ed. de "Umbanda de Todos Nós", de 1974, mas pode ter ocorrido antes, desde que após 1969, pois nesse ano, na 3a. ed. da citada obra, não aparecia)
-- Ficha catalográfica (verifiquei na 4a. ed. de "Umbanda de Todos Nós", de 1974, mas pode ter passado a constar nos livros antes, só que após 1970, pois na 1a. ed. de "Macumbas e Candomblés na Umbanda", publicada nesse ano, ainda não constava)
1982
-- Mais uma loja, no Rio, situada à R. Maria Freitas, 110-A (cf. 4a. ed. de "A Vida além da Sepultura", 1982)
1985
-- Mais outra loja, agora em S. Paulo: R. Domingos de Morais, 2414 (cf. 5a. ed. de "O Sublime Peregrino", 1985)
1991
-- Já não consta a loja acima referida, mas as outras continuam (cf. 3a. ed. de "A Rosa e o Espinho", 1991), e isto até 1995 (cf. 4a. ed. de "Mensagens do Grande Coração", 1995)
1997
-- Apresentava apenas um endereço: Av. Londres, 381, CEP 21041-030, Bonsucesso, Rio de Janeiro, RJ (cf. ed. de 1997 de "Jesus e a Jerusalém Renovada")
Em minhas pesquisas sobre a construção da literatura espiritualista no Brasil, realizadas desde há quase 15 anos, logo me deparei com uma editora realmente sui generis neste sentido. Trata-se da Livraria Freitas Bastos S/A, que a partir de 1960 "abraçou" vários espiritualistas "novidadeiros", portadores de evidente megalomania: Huberto Rohden (ex-padre católico, criador da Filosofia Univérsica), W. W. da Matta e Silva (propagador da chamada Umbanda Esotérica), o médium Hercílio Maes (que divulgava "informações" pra lá de extravagantes psicografando Ramatis), Diamantino Coelho Fernandes (que se achava a reencarnação do apóstolo Thiago e acreditava receber mensagens do Espírito de Maria de Nazareth)... Isso sem falar em Osvaldo Polidoro (fundador do Divinismo e que se dizia reencarnação de Allan Kardec), do qual a editora publicou ao menos uma obra ("Programa Divino e Curas Espíritas", 1965).
Reza a lenda que Yokaanam (Oceano de Sá) também andou flertando com a editora-livraria, mas esse era louco demais. Após 2 anos de espera para a publicação de um livro seu cujos originais foram deixados lá (a informação consta da 2a. ed. da obra "Yokaanam Fala à Posteridade", publicada em 1970), desfez o contrato com a editora, que, segundo ele, em represália ligou para todas as livrarias da Guanabara (antigo estado do Brasil, que existiu no território do atual município do Rio de Janeiro) solicitando que não aceitassem editar seus livros... Se é verdade o fato, não sei. Fica aí o registro...
A seguir, algumas curiosidades editoriais relacionadas à Livraria Freitas Bastos:
1959
-- Conforme consta do colofão de "A Sobrevivência do Espírito" (Ed. Divino Mestre, 1959), compunha e imprimia, o que indica que nesta época possuía parque gráfico próprio
1960
-- Publica, de Huberto Rohden, "O Sermão da Montanha", "Novos Rumos para a Educação" (2a. ed) e "O Espírito da Filosofia Oriental" (3a. ed.), além da 2a. ed. de "Umbanda de Todos Nós", de W. W. da Matta e Silva
-- Duas lojas, localizadas nos seguintes endereços: R. Sete de Setembro, 111 (Rio), e R. 15 de Novembro, 62/66 (S. Paulo)
1968
-- Mudança no endereço da loja do Rio: R. Sete de Setembro, 113 (cf. "Magia de Redenção", 1968)
-- Conforme colofão da obra referida acima, subentende-se que continuava a compor e imprimir, e isto até pelo menos fins de 1971 (cf. "Amazônia: perfis industriais", 1971)
-- Mudança no lôgo (cf. o já citado "Magia de Redenção", 1968, mas pode ter ocorrido antes, só que após 1964, visto que a 1a. ed. "Elucidações do Além", publicada nesse ano, ainda apresentava o anterior)
1973 (agosto)
-- Outra mudança de endereço no Rio: agora, R. Sete de Setembro, 127/129 (cf. 2a. ed. de "Doutrina e Aplicação do Direito Tributário", 1973)
-- Já terceirizava a composição e impressão (cf. obra acima citada)
1974 (julho)
-- Lôgo na lombada (verifiquei na 4a. ed. de "Umbanda de Todos Nós", de 1974, mas pode ter ocorrido antes, desde que após 1969, pois nesse ano, na 3a. ed. da citada obra, não aparecia)
-- Ficha catalográfica (verifiquei na 4a. ed. de "Umbanda de Todos Nós", de 1974, mas pode ter passado a constar nos livros antes, só que após 1970, pois na 1a. ed. de "Macumbas e Candomblés na Umbanda", publicada nesse ano, ainda não constava)
1982
-- Mais uma loja, no Rio, situada à R. Maria Freitas, 110-A (cf. 4a. ed. de "A Vida além da Sepultura", 1982)
1985
-- Mais outra loja, agora em S. Paulo: R. Domingos de Morais, 2414 (cf. 5a. ed. de "O Sublime Peregrino", 1985)
1991
-- Já não consta a loja acima referida, mas as outras continuam (cf. 3a. ed. de "A Rosa e o Espinho", 1991), e isto até 1995 (cf. 4a. ed. de "Mensagens do Grande Coração", 1995)
1997
-- Apresentava apenas um endereço: Av. Londres, 381, CEP 21041-030, Bonsucesso, Rio de Janeiro, RJ (cf. ed. de 1997 de "Jesus e a Jerusalém Renovada")
domingo, março 10, 2013
As primeiras editoras de livros de umbanda
(Edmar Arantes)
Dando de certa forma continuidade à postagem anterior, em que tratamos dos primeiros livros umbandistas, iremos nesta fornecer alguns lances a respeito das primeiras editoras que passaram a publicar regularmente títulos de umbanda, que foi o assunto que de fato nos levou à pesquisa ali apresentada.
Até o fim da década de 40 não havia ainda editora que publicasse regularmente tais títulos. Os que tinham sido lançados até então se enquadravam em três classes: publicações independentes, lançadas à custa do autor ou da tenda ou entidade à qual ele estivesse filiado; lançamentos pelo selo "Biblioteca Espiritualista Brasileira", e umas poucas exceções lançadas de fato por editoras (como a 3a. ed. de "Umbanda", obra de João de Freitas, e a 1a. ed. de "Trabalhos de Umbanda, ou Magia Prática", de Lourenço Braga, títulos lançados pela tradicional Editôra Moderna, do Rio de Janeiro). Foi somente em 1950 que uma empresa editorial resolveu abrir suas portas para autores de livros sobre umbanda e publicar regularmente títulos da área. Falamos da Gráfica Editôra Aurora Ltda., então dirigida por Ernesto Mandarino e localizada à Rua Vinte de Abril, 16, Rio de Janeiro. O primeiro autor do ramo ali publicado foi, ao que tudo indica, Oliveira Magno.
É curioso observar que, talvez pelo preconceito ainda existente àquela época para com tais títulos, até 1953 raramente o nome da editora aparecia na capa dos livros, e só vamos descobrir que a Gráf. Ed. Aurora, além de ter impresso os livros, também atuou como editora, através da leitura dos prefácios ou "post-fácios" destes.
Em 1954, a Aurora lançou a Coleção Espiritualista, que seria, quase toda, constituída de livros umbandistas. Vejamos a listagem dos livros desta coleção até seu número 19:
1 - "A Umbanda e seus Complexos" (Oliveira Magno, 3a. ed., 1954)
2 - "Magia Prática Sexual" (Oliveira Magno, 2a. ed., 1954)
3 - "Umbanda" (Florisbela M. de Sousa Franco, 2a. ed., 1954)
4 - "As Mirongas de Umbanda" (Byron Tôrres de Freitas e Tancredo da Silva Pinto, 1954)
5 - "Lições de Umbanda" (Samuel Pönze, 1954)
6 - "Práticas de Umbanda" (Oliveira Magno, 3a. ed., 1954)
7 - "Doutrina e Ritual de Umbanda" (Byron Tôrres de Freitas e Tancredo da Silva Pinto, 2a. ed., 1954)
8 - "Utilidades Astrológicas" (Oliveira Magno, 1954)
9 - "Lex Umbanda" (Ab'd 'Ruanda, 1954)
10 - "O Espiritismo no Conceito das Religiões e a Lei de Umbanda" (Aluizio Fontenelle, 2a. ed., 1954)
11 - "Banhos e Defumações na Umbanda" (Ab'd 'Ruanda, 1954)
12 - "Alquimia de Umbanda" (Silvio Pereira Maciel, 3a. ed. [1], ?)
13 - "Umbanda e Ocultismo" (Oliveira Magno, 2a. ed., ?)
14 - "Ritual Prático de Umbanda" (Oliveira Magno, 2a. ed., 1956)
15 - "A Umbanda Esotérica e Iniciática" (Oliveira Magno, 3a. ed., 1956)
16 - "Fôrças ocultas, luz e caridade" (J. Dias Sobrinho, 3a. ed., 1956)
17 - "Umbanda Mista" (Sylvio Pereira Maciel, 2a. ed., 1957)
18 - "Umbandismo" (Antônio Alves Teixeira "Neto", 1957)
19 - "Camba de Umbanda" (Byron Tôrres de Freitas e Tancredo da Silva Pinto, 1957)
Curiosamente, o n. 20 desta coleção ("A Umbanda Através dos Séculos", de Aluízio Fontenelle, 2a. ed., 1957) seria publicado por outra editora, a nascente Editôra Espiritualista Ltda., localizada à Rua Frei Caneca, 19, Rio de Janeiro, assim como pelo menos outros três: os números 24 ("Candomblé no Brasil", de José Ribeiro, 2a. ed., 1957), 25 ("Codificação da Lei de Umbanda - Parte científica e Parte prática", de Emanuel Zespo, 2a. ed., 1960) e 26 ("Umbanda para os médiuns", de Florisbela Maria de Souza, 1960) [2], o que mostra que a Ed. Espiritualista mantinha íntimas relações empresariais com a Gráf. Ed. Aurora. Além disso, a partir de 1958 a Ed. Espiritualista passou a republicar títulos da Coleção Espiritualista antes publicados pela Aurora, assim como algumas obras maçônicas e outras tidas como de ciências ocultas antes publicadas por essa editora ("A maçonaria e a grandeza do Brasil", "A mão e seus segredos", "Um pouco de astrologia", etc.). Em contrapartida, a Gráf. Ed. Aurora republicou pelo menos um título já editado pela Espiritualista: "A Umbanda Através dos Séculos", 3a. ed. [3], 1963. É interessante constatar também que este foi o último ano em que livros umbandistas saíram pela Aurora, assim como o último ano da gráfica-editora no endereço citado no início deste texto. A partir de 1964, curiosamente, a Gráf. Ed. Aurora passou a se localizar no mesmíssimo endereço da Ed. Espiritualista (farei uma ilação sobre isso ao fim deste texto). Esta última, a partir desse mesmo ano (e até o término de suas atividades [4]), seguiu com praticamente uma única concorrente no mercado editorial de livros umbandistas, sobre a qual falaremos a seguir.
Foi em 1963 que apareceram os primeiros títulos do selo Editôra Eco [5]. Fundada por Ernesto Emanuele Mandarino, que supomos ser filho do outro, desde o seu início publicou títulos de umbanda, principal segmento da editora. Inicialmente localizada à Rua do Senado, 320 - Conj. 407 - Rio de Janeiro, GB, em meados de 1966, já como nome-fantasia da Livraria Editôra Mandarino Ltda. para a publicação de títulos de umbanda e candomblé, vamos encontrá-la na Rua Marquês de Pombal, 172 - sobreloja 1 - Rio de Janeiro, GB.
A livraria-editora possuía filial no número 171-B da rua citada, conforme pode-se constatar das informações editoriais da obra "Os orixás e o candomblé", de 1967. Em 1970 o logo da editora foi modificado e seu endereço principal passou a ser aquele onde antes era o da filial, R. Marquês de Pombal, 171-B, Rio de Janeiro (compare-se frontispício da obra "Despachos e oferendas na umbanda", de 1969, com página de dados editoriais de "O que é a umbanda", obra de 1970). Em 1973, porém, o endereço da matriz volta a ser R. Marquês de Pombal, 172, Rio de Janeiro, conforme podemos observar da 2a. ed. de "O livro (completo) do feiticeiro Athanásio" e da 3a. ed. de "Pomba-Gira". Mais tarde, a livraria-editora passa a se chamar apenas Editora Mandarino Ltda., com os endereços mantidos (matriz no número 172, sblj., e filial no 171-B), e isso até pelo menos 1990, conforme pode ser visto aqui. A editora foi baixada em 31/12/2008 por inaptidão [6]. (Trecho modificado nos dias 27/05/2020 e 01/06/2021)
Sobre a "coincidência" entre o fim da publicação de títulos umbandistas pelo selo Aurora, a mudança de endereço da Gráf. Ed. Aurora para o da Ed. Espiritualista e o início das atividades da Ed. Eco, tudo ocorrido em meados de 1963, a ilação que faço é que, tendo falecido naquele ano Ernesto Mandarino, então diretor da Gráf. Ed. Aurora, esta fora comprada pela Ed. Espiritualista, passando a funcionar em seu endereço. (A marca Aurora ficou restrita a livros não espiritualistas.) Além disso, dando de certa forma continuidade ao trabalho de Ernesto Mandarino, seu filho Ernesto E. Mandarino fundou a Ed. Eco, como já dito.
_________
1- Esta edição constou erroneamente como 2a. na capa da obra, mas a 2a. ed. verdadeira é de 1951.
2- Os números 21 ("Exu", de Aluízio Fontenelle, 3a. ed., 1957) e 28 ("Do batuque e das origens da Umbanda", de Leopoldo Bettiol, 1963) foram publicados pela Gráf. Ed. Aurora.
3- A edição seguinte desta obra (4a., de 1971) foi publicada novamente pela Ed. Espiritualista.
4- Conforme pode ser constatado aqui, em 1998 ainda reeditava livros, mas a publicação de títulos exclusivamente umbandistas pela editora cessou em meados da década de 80 ou no início da década de 90. (Nota de 25.10.15)
5- Então Edições Eco. O nome Editôra Eco apareceria somente no ano seguinte, 1964.
6- Conforme http://empresasdobrasil.com/empresa/editora-mandarino-ltda-34026245000100 (nota: há erro na fornecida data do registro da empresa, 02/06/1972, pois em 1967 ela já funcionava). Curiosidades: (1) após "Sonata Cósmica", livro publicado em 1995 onde aparece o endereço R. Marquês de Pombal, 171-B (não 172), não constou qualquer forma de contato para com a editora em suas publicações; (2) 1998 foi o último ano que a Eco lançou livros novos (a partir de 1999 todas as suas publicações foram reedições); (3) continuaram saindo livros sob o selo "Editora Eco" mesmo após a Ed. Mandarino Ltda. ter sido baixada.
Dando de certa forma continuidade à postagem anterior, em que tratamos dos primeiros livros umbandistas, iremos nesta fornecer alguns lances a respeito das primeiras editoras que passaram a publicar regularmente títulos de umbanda, que foi o assunto que de fato nos levou à pesquisa ali apresentada.
Até o fim da década de 40 não havia ainda editora que publicasse regularmente tais títulos. Os que tinham sido lançados até então se enquadravam em três classes: publicações independentes, lançadas à custa do autor ou da tenda ou entidade à qual ele estivesse filiado; lançamentos pelo selo "Biblioteca Espiritualista Brasileira", e umas poucas exceções lançadas de fato por editoras (como a 3a. ed. de "Umbanda", obra de João de Freitas, e a 1a. ed. de "Trabalhos de Umbanda, ou Magia Prática", de Lourenço Braga, títulos lançados pela tradicional Editôra Moderna, do Rio de Janeiro). Foi somente em 1950 que uma empresa editorial resolveu abrir suas portas para autores de livros sobre umbanda e publicar regularmente títulos da área. Falamos da Gráfica Editôra Aurora Ltda., então dirigida por Ernesto Mandarino e localizada à Rua Vinte de Abril, 16, Rio de Janeiro. O primeiro autor do ramo ali publicado foi, ao que tudo indica, Oliveira Magno.
É curioso observar que, talvez pelo preconceito ainda existente àquela época para com tais títulos, até 1953 raramente o nome da editora aparecia na capa dos livros, e só vamos descobrir que a Gráf. Ed. Aurora, além de ter impresso os livros, também atuou como editora, através da leitura dos prefácios ou "post-fácios" destes.
Em 1954, a Aurora lançou a Coleção Espiritualista, que seria, quase toda, constituída de livros umbandistas. Vejamos a listagem dos livros desta coleção até seu número 19:
1 - "A Umbanda e seus Complexos" (Oliveira Magno, 3a. ed., 1954)
2 - "Magia Prática Sexual" (Oliveira Magno, 2a. ed., 1954)
3 - "Umbanda" (Florisbela M. de Sousa Franco, 2a. ed., 1954)
4 - "As Mirongas de Umbanda" (Byron Tôrres de Freitas e Tancredo da Silva Pinto, 1954)
5 - "Lições de Umbanda" (Samuel Pönze, 1954)
6 - "Práticas de Umbanda" (Oliveira Magno, 3a. ed., 1954)
7 - "Doutrina e Ritual de Umbanda" (Byron Tôrres de Freitas e Tancredo da Silva Pinto, 2a. ed., 1954)
8 - "Utilidades Astrológicas" (Oliveira Magno, 1954)
9 - "Lex Umbanda" (Ab'd 'Ruanda, 1954)
10 - "O Espiritismo no Conceito das Religiões e a Lei de Umbanda" (Aluizio Fontenelle, 2a. ed., 1954)
11 - "Banhos e Defumações na Umbanda" (Ab'd 'Ruanda, 1954)
12 - "Alquimia de Umbanda" (Silvio Pereira Maciel, 3a. ed. [1], ?)
13 - "Umbanda e Ocultismo" (Oliveira Magno, 2a. ed., ?)
14 - "Ritual Prático de Umbanda" (Oliveira Magno, 2a. ed., 1956)
15 - "A Umbanda Esotérica e Iniciática" (Oliveira Magno, 3a. ed., 1956)
16 - "Fôrças ocultas, luz e caridade" (J. Dias Sobrinho, 3a. ed., 1956)
17 - "Umbanda Mista" (Sylvio Pereira Maciel, 2a. ed., 1957)
18 - "Umbandismo" (Antônio Alves Teixeira "Neto", 1957)
19 - "Camba de Umbanda" (Byron Tôrres de Freitas e Tancredo da Silva Pinto, 1957)
Curiosamente, o n. 20 desta coleção ("A Umbanda Através dos Séculos", de Aluízio Fontenelle, 2a. ed., 1957) seria publicado por outra editora, a nascente Editôra Espiritualista Ltda., localizada à Rua Frei Caneca, 19, Rio de Janeiro, assim como pelo menos outros três: os números 24 ("Candomblé no Brasil", de José Ribeiro, 2a. ed., 1957), 25 ("Codificação da Lei de Umbanda - Parte científica e Parte prática", de Emanuel Zespo, 2a. ed., 1960) e 26 ("Umbanda para os médiuns", de Florisbela Maria de Souza, 1960) [2], o que mostra que a Ed. Espiritualista mantinha íntimas relações empresariais com a Gráf. Ed. Aurora. Além disso, a partir de 1958 a Ed. Espiritualista passou a republicar títulos da Coleção Espiritualista antes publicados pela Aurora, assim como algumas obras maçônicas e outras tidas como de ciências ocultas antes publicadas por essa editora ("A maçonaria e a grandeza do Brasil", "A mão e seus segredos", "Um pouco de astrologia", etc.). Em contrapartida, a Gráf. Ed. Aurora republicou pelo menos um título já editado pela Espiritualista: "A Umbanda Através dos Séculos", 3a. ed. [3], 1963. É interessante constatar também que este foi o último ano em que livros umbandistas saíram pela Aurora, assim como o último ano da gráfica-editora no endereço citado no início deste texto. A partir de 1964, curiosamente, a Gráf. Ed. Aurora passou a se localizar no mesmíssimo endereço da Ed. Espiritualista (farei uma ilação sobre isso ao fim deste texto). Esta última, a partir desse mesmo ano (e até o término de suas atividades [4]), seguiu com praticamente uma única concorrente no mercado editorial de livros umbandistas, sobre a qual falaremos a seguir.
Foi em 1963 que apareceram os primeiros títulos do selo Editôra Eco [5]. Fundada por Ernesto Emanuele Mandarino, que supomos ser filho do outro, desde o seu início publicou títulos de umbanda, principal segmento da editora. Inicialmente localizada à Rua do Senado, 320 - Conj. 407 - Rio de Janeiro, GB, em meados de 1966, já como nome-fantasia da Livraria Editôra Mandarino Ltda. para a publicação de títulos de umbanda e candomblé, vamos encontrá-la na Rua Marquês de Pombal, 172 - sobreloja 1 - Rio de Janeiro, GB.
A livraria-editora possuía filial no número 171-B da rua citada, conforme pode-se constatar das informações editoriais da obra "Os orixás e o candomblé", de 1967. Em 1970 o logo da editora foi modificado e seu endereço principal passou a ser aquele onde antes era o da filial, R. Marquês de Pombal, 171-B, Rio de Janeiro (compare-se frontispício da obra "Despachos e oferendas na umbanda", de 1969, com página de dados editoriais de "O que é a umbanda", obra de 1970). Em 1973, porém, o endereço da matriz volta a ser R. Marquês de Pombal, 172, Rio de Janeiro, conforme podemos observar da 2a. ed. de "O livro (completo) do feiticeiro Athanásio" e da 3a. ed. de "Pomba-Gira". Mais tarde, a livraria-editora passa a se chamar apenas Editora Mandarino Ltda., com os endereços mantidos (matriz no número 172, sblj., e filial no 171-B), e isso até pelo menos 1990, conforme pode ser visto aqui. A editora foi baixada em 31/12/2008 por inaptidão [6]. (Trecho modificado nos dias 27/05/2020 e 01/06/2021)
Sobre a "coincidência" entre o fim da publicação de títulos umbandistas pelo selo Aurora, a mudança de endereço da Gráf. Ed. Aurora para o da Ed. Espiritualista e o início das atividades da Ed. Eco, tudo ocorrido em meados de 1963, a ilação que faço é que, tendo falecido naquele ano Ernesto Mandarino, então diretor da Gráf. Ed. Aurora, esta fora comprada pela Ed. Espiritualista, passando a funcionar em seu endereço. (A marca Aurora ficou restrita a livros não espiritualistas.) Além disso, dando de certa forma continuidade ao trabalho de Ernesto Mandarino, seu filho Ernesto E. Mandarino fundou a Ed. Eco, como já dito.
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1- Esta edição constou erroneamente como 2a. na capa da obra, mas a 2a. ed. verdadeira é de 1951.
2- Os números 21 ("Exu", de Aluízio Fontenelle, 3a. ed., 1957) e 28 ("Do batuque e das origens da Umbanda", de Leopoldo Bettiol, 1963) foram publicados pela Gráf. Ed. Aurora.
3- A edição seguinte desta obra (4a., de 1971) foi publicada novamente pela Ed. Espiritualista.
4- Conforme pode ser constatado aqui, em 1998 ainda reeditava livros, mas a publicação de títulos exclusivamente umbandistas pela editora cessou em meados da década de 80 ou no início da década de 90. (Nota de 25.10.15)
5- Então Edições Eco. O nome Editôra Eco apareceria somente no ano seguinte, 1964.
6- Conforme http://empresasdobrasil.com/empresa/editora-mandarino-ltda-34026245000100 (nota: há erro na fornecida data do registro da empresa, 02/06/1972, pois em 1967 ela já funcionava). Curiosidades: (1) após "Sonata Cósmica", livro publicado em 1995 onde aparece o endereço R. Marquês de Pombal, 171-B (não 172), não constou qualquer forma de contato para com a editora em suas publicações; (2) 1998 foi o último ano que a Eco lançou livros novos (a partir de 1999 todas as suas publicações foram reedições); (3) continuaram saindo livros sob o selo "Editora Eco" mesmo após a Ed. Mandarino Ltda. ter sido baixada.
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