sexta-feira, junho 17, 2011

O cientista Flammarion e a "ciência" de Kardec

Irei aproveitar o endereço deste blog (desatualizado há mais de 4 anos - nota: a exceção é um post único do ano passado) para postar alguns de meus "achados" relacionados ao Espiritismo. O post de hoje irá tratar da obra Mysterious Psychic Forces, tradução de um título do astrônomo e escritor francês Camille Flammarion (1842-1925).

Foi em 08.11.2004, em uma de minhas escapadas do Instituto de Física da USP (IFUSP) para o Instituto de Psicologia da mesma universidade (IPUSP). Visitando a biblioteca deste, deparei-me com o curioso livro acima referido. Publicado pela editora Small, Maynard and Company, de Boston, em 1907, nele não consta o título da versão original, em francês, mas trata-se de Les Forces Naturelles Inconnues, livro de Flammarion publicado em Paris em 1907 (não confundir com uma obra homônima, do mesmo autor mas bem menor, publicada em 1865 - nota de 14.05.2012: na realidade, trata-se de uma quase homonímia; o livro de 1865 chama-se Des Forces Naturelles Inconnues). Em português teria o título As Forças Naturais Desconhecidas, ou algo assim, e acabo de descobrir que o Les Forces chegou a ser vertido para o português. Foi publicado pela editora da FEB em 1942 (vide aqui), mas para nunca mais aparecer... Isto até o mês passado, pois descobri também que a Ed. do Conhecimento acaba de relançar a obra (vide aqui).

Voltando ao meu "achado", o Mysterious Psychic Forces é composto de prefácio, introdução e 22 capítulos, totalizando xxiv + 466 páginas. Quando o descobri, já conhecia algumas biografias de Camille Flammarion, mas até então nunca havia lido nenhum de seus livros. E qual não foi o meu espanto ao descobrir que, na obra, surgia-me um Flammarion um tanto distinto daquele pintado em suas biografias espíritas... Tomei algumas notas do livro e tão interessado fiquei com o assunto que voltei ainda por 4 vezes naquele mês de novembro de 2004 à biblioteca do IPUSP para realizar mais anotações.

Como só recentemente tornei-me ciente da importância de nos esforçarmos para publicar aquilo que consideramos interessante, uma vez que outros podem partilhar da mesma opinião e ser beneficiados com nossos esforços, até dias atrás minhas anotações estavam guardadas, esquecidas em alguma caixa. Resgatando-as (há muito ainda o que "resgatar"), estive a aguardar oportunidade para publicar a parte delas que creio ser de interesse do público kardecista (a referente ao prefácio e ao cap. II da obra, "My First Séances In The Allan Kardec Group, And With The Mediums Of That Epoch"). Antes de fazê-lo, porém, resolvi dar uma procurada na Internet para ver se o Mysterious não estaria disponível em algum hospedeiro de arquivos. E foi uma grata surpresa descobrir que ele está, sim, disponível aos internautas (vide aqui). Assim, agora que consegui o "tempo" necessário para a redação, edição e publicação de um texto a respeito, fica facilitado o meu trabalho: não precisarei digitar todos os trechos de interesse; basta olhar as páginas referentes, copiá-las do documento, colá-las aqui, corrigir algum problema na codificação do pdf e editar o texto. Vamos lá... Após cada parágrafo disponibilizado (os negritos sempre são meus) seguirá uma tradução livre.

Do "Prefácio", pág. vii:

On the one hand, the sceptics cleave fast to their denials, convinced that they know all the forces of nature, that all mediums are humbugs, and all experimenters imbeciles. On the other hand, there are the credulous Spiritualists, who imagine they always have spirits at their beck and call in a centre-table, who evoke, with the utmost sangfroid, the spirits of Plato, Zoroaster, Jesus Christ, St. Augustine, Charlemagne, Shakespeare, Newton, or Napoleon, and who set about stoning me for the tenth or twentieth time, affirming that I am sold to the Institute on account of a deepseated and obstinate ambition, and that I dare not declare myself in favor of the identity of the spirits for fear of annoying my illustrious friends. The individuals of this class refuse to be satisfied just as much as the first class.

"De um lado, os céticos clivam rapidamente suas negações, convencidos de que conhecem todas as forças da natureza, todos os médiuns são impostores e todos os experimentadores, imbecis. De outro lado, há os espiritualistas crédulos, que imaginam que sempre têm espíritos ao seu aceno e chamada em uma mesa de centro, que evocam, com o maior sangue frio, os espíritos de Platão, Zoroastro, Jesus Cristo, Santo Agostinho, Carlos Magno, Shakespeare, Newton ou Napoleão, e que começam a apedrejar-me pela décima ou vigésima vez, afirmando que estou vendido ao Instituto em virtude de uma ambição muito enraizada e obstinada, e que não ouso declarar-me em favor da identidade dos espíritos por medo de chatear meus amigos ilustres. Os indivíduos desta classe não se contentam, assim como os da primeira classe."

So much the worse for them! I insist on only saying what I know; but I do say this.

"Tanto pior para eles! Insisto em dizer apenas o que sei; mas digo isso."

And if what I know is displeasing, so much the worse for the prejudices, the general ignorance, and the good breeding of these distinguished gentry, in whose eyes the maximum of happiness consists in an increase of their fortune, the pursuit of lucrative places, sensual pleasures, automobile-racing, a box at the Opéra, or five-o'clock teas at a fashionable restaurant, and whose lives are frittered away along paths that never cross those of the rapt idealist, and who never know the pure satisfaction of his mind and heart, or the pleasures of thought and feeling.

"E se o que sei é desagradável, tanto pior para os preconceitos, a ignorância geral, e a boa educação dessa distinta pequena nobreza, em cujos olhos o máximo de felicidade consiste num aumento de sua fortuna, a busca de posições lucrativas, os prazeres sensuais, corridas de automóveis, um camarote na Ópera, ou chás de cinco horas em um restaurante da moda, e cujas vidas são desperdiçadas ao longo de caminhos que nunca cruzam aqueles do idealista extasiado, e que nunca conhecem a satisfação pura de sua mente e coração, ou os prazeres do pensamento e do sentimento."

As for me, a humble student of the prodigious problem of the universe, I am only a seeker. (...)

"Quanto a mim, um humilde estudante do prodigioso problema do universo, sou apenas um buscador. (...)"

Do cap. II da obra, "My First Séances In The Allan Kardec Group, And With The Mediums Of That Epoch" (pp. 24-62):

One day in the month of November, 1861, under the Galeries de l'Odéon,* [*Certain book-shops in Paris. Trans.] I spied a book, the title of which struck me — Le Livre des Esprits ("The Book of Spirits"), by Allan Kardec. I bought it and read it with avidity, several chapters seeming to me to agree with the scientific bases of the book I was then writing, The Plurality of Inhabited Worlds. I hunted up the author, who proposed that I should enter, as a free associated member, the Parisian Society for Spiritualistic Studies, which he had founded, and of which he was president. I accepted, and by chance have just found the green ticket signed by him on the fifteenth day of November, 1861. This is the date of my début in psychic studies. I was then nineteen, and for three years had been an astronomical pupil at the Paris Observatory. At this time I was putting the last touches to the book I just mentioned, the first edition of which was published some months afterwards by the printer-publisher of the Observatory. (p. 24)

"Um dia, no mês de novembro de 1861, sob as Galerias do Odéon* [*Algumas livrarias de Paris. Trad.], avistei um livro cujo título me impressionou — Le Livre des Esprits ("O Livro dos Espíritos"), de Allan Kardec. Comprei-o e li-o com avidez, vários capítulos parecendo-me concordar com as bases científicas do livro que estava escrevendo, A Pluralidade dos Mundos Habitados. Procurei o autor, que sugeriu que eu deveria entrar, como um membro associado livre, na Sociedade Parisiense para Estudos Espiritualistas [trata-se da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas], que ele havia fundado e da qual era presidente. Eu aceitei, e por acaso acabei de encontrar o bilhete verde assinado por ele no dia quinze de novembro de 1861. Esta é a data de minha estreia nos estudos psíquicos. Eu tinha então dezenove anos, e por três anos tinha sido um aluno astronômico no Observatório de Paris. Nessa época, eu estava fazendo os últimos retoques no livro que acabei de mencionar, a primeira edição do qual foi publicada alguns meses depois pelo editor-impressor do Observatório."

The members came together every Friday evening in the assembly room of the society, in the little passageway of Sainte Anne, which was placed under the protection of Saint Louis. The president opened the séance by an "invocation to the good spirits." It was admitted, as a principle, that invisible spirits were present there and revealed themselves. After this invocation a certain number of persons, seated at a large table, were besought to abandon themselves to their inspiration and to write. They were called "writing mediums." Their dissertations were afterwards read before an attentive audience. There were no physical experiments of table-turning, or tables moving or speaking. The president, Allan Kardec, said he attached no value to such things. It seemed to him that the instructions communicated by the spirits ought to form the basis of a new doctrine, of a sort of religion. (pp. 24- 25)

"Os membros se reuniam todas as sextas-feiras à noite na sala de reuniões da sociedade, no pequeno corredor de Santa Ana, que era colocada sob a proteção de São Luís. O presidente abria a sessão por uma "invocação aos bons espíritos". Era admitido, como princípio, que os espíritos invisíveis estavam presentes ali e revelavam-se. Após esta invocação, certo número de pessoas, sentado em uma grande mesa, era rogado a abandonar-se à sua inspiração e escrever. Estas pessoas eram chamadas de "médiuns escreventes". Suas dissertações eram posteriormente lidas diante de uma atenta plateia. Não havia experiências físicas de mesas girantes ou mesas movendo-se ou falando. O presidente, Allan Kardec, disse que não dava valor a essas coisas. Parecia-lhe que as instruções transmitidas pelos espíritos deveriam formar a base de uma nova doutrina, de uma espécie de religião."

At the same period, but several years earlier, my illustrious friend Victorien Sardou, who had been an occasional frequenter of the Observatory, had written, as a medium, some curious pages on the inhabitants of the planet Jupiter, and had produced picturesque and surprising designs, having as their aim to represent men and things as they appeared in this giant of worlds. He designed the dwellings of people in Jupiter. One of his sketches showed us the house of Mozart, others the houses of Zoroaster and of Bernard Palissy, who were country neighbors in one of the landscapes of this immense planet. The dwellings are ethereal and of an exquisite lightness. They may be judged of by the two figures here reproduced (Pl. II and III). The first represents a residence of Zoroaster, the second " the animals' quarters" belonging to the same. On the grounds are flowers, hammocks, swings, flying creatures, and, below, intelligent animals playing a special kind of ninepins where the fun is not to knock down the pins, but to put a cap on them, as in the cup and ball toy, etc. (p. 25)

"No mesmo período, mas muitos anos antes, meu ilustre amigo Victorien Sardou, que tinha sido um frequentador ocasional do Observatório, tinha escrito, como médium, algumas páginas curiosas sobre os habitantes do planeta Júpiter, e tinha produzido pitorescos e surpreendentes desenhos tendo como objetivo representar os homens e as coisas como elas apareciam neste gigante dos mundos. [Nota: estes escritos e desenhos foram publicados na Revue Spirite (Revista Espírita), editada por Allan Kardec, no número de abril de 1858.] Ele desenhou as habitações de pessoas em Júpiter. Um de seus esboços nos mostrou a casa de Mozart, outros as casas de Zoroastro e de Bernard Palissy, que eram vizinhos de país em uma das paisagens deste imenso planeta. As habitações são etéreas e de uma leveza primorosa. Podem ser julgadas pelas duas figuras aqui reproduzidas (Pl. II e III). A primeira representa uma residência de Zoroastro, a segunda "os alojamentos dos animais" pertencentes ao mesmo. Na área estão flores, espreguiçadeiras, balanços, criaturas voadoras e, abaixo, animais inteligentes jogando um tipo especial de boliche onde a diversão não é derrubar os pinos, mas colocar uma capa neles, como no brinquedo do copo e da bola, etc."

These curious drawings prove indubitably that the signature " Bernard Palissy, of Jupiter," is apocryphal and that the hand of Victorien Sardou was not directed by a spirit from that planet. Nor was it the gifted author himself who planned these sketches and executed them in accordance with a definite plan. They were made while he was in the condition of mediumship. A person is not magnetized, nor hypnotized, nor put to sleep in any way while in that state. But the brain is not ignorant of what is taking place: its cells perform their functions, and act (doubtless by a reflex movement) upon the motor nerves. At that time we all thought Jupiter was inhabited by a superior race of beings. The spiritistic communications were the reflex of the general ideas in the air. To-day, with our present knowledge of the planets, we should not imagine anything of the kind about that globe. And, moreover, spiritualistic seances have never taught us anything upon the subject of astronomy. Such results as were attained fail utterly to prove the intervention of spirits. Have the writing mediums given any more convincing proofs of it than these? This is what we shall have to examine in as impartial a way as we can. (pp. 25-26)

"Estes curiosos desenhos provam sem dúvida que a assinatura "Bernard Palissy, de Júpiter" é apócrifa e que a mão de Victorien Sardou não era dirigida por um espírito daquele planeta. Nem foi o próprio talentoso autor quem traçou estes esboços e executou-os de acordo com um plano definido. Eles foram feitos enquanto ele estava na condição de mediunidade. Uma pessoa não é magnetizada, nem hipnotizada, nem posta para dormir de algum modo enquanto nesse estado. Mas o cérebro não é ignorante do que está ocorrendo: suas células desempenham suas funções e atuam (sem dúvida por um movimento reflexo) sobre os nervos motores. Naquela época todos nós pensávamos que Júpiter era habitado por uma raça de seres superiores. As comunicações espíritas eram o reflexo das idéias gerais no ar. Hoje, com nosso conhecimento atual dos planetas, não devemos imaginar algo do tipo sobre aquele mundo. E, além disso, sessões espíritas nunca nos ensinaram coisa alguma sobre o assunto de astronomia. Tais resultados como foram alcançados falham completamente em provar a intervenção dos espíritos. Os médiuns escreventes deram provas mais convincentes dela do que estas? Isto é o que teremos de examinar da maneira mais imparcial possível."

I myself tried to see if I, too, could not write. By collecting and concentrating my powers and allowing my hand to be passive and unresistant, I soon found that, after it had traced certain dashes, and o's, and sinuous lines more or less interlaced, very much as a four-year-old child learning to write might do, it finally did actually write words and phrases. (p. 26)

"Eu mesmo tentei ver se também não conseguia escrever. Recolhendo e concentrando minhas forças e permitindo minha mão estar passiva e sem resistência, logo descobri que, depois de ter traçado certos traços, e o's, e linhas sinuosas mais ou menos entrelaçadas, muito bem como uma criança de quatro anos aprendendo a escrever pode fazer, ela finalmente chegou a escrever palavras e frases."

In these meetings of the Parisian Society for Spiritualistic Studies, I wrote for my part some pages on astronomical subjects signed " Galileo." The communications remained in the possession of the society, and in 1867 Allan Kardec published them under the head General Uranography, in his work entitled Genesis. (I have preserved one of the first copies, with his dedication.) These astronomical pages taught me nothing. So I was not slow in concluding that they were only the echo of what I already knew, and that Galileo had no hand in them. When I wrote the pages, I was in a kind of waking dream. Besides, my hand stopped writing when I began to think of other subjects. (pp. 26-27)

"Nessas reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, eu escrevi por minha parte algumas páginas sobre assuntos astronômicos assinando "Galileu". As comunicações permaneceram em posse da sociedade, e em 1867 Allan Kardec publicou-as sob o título Uranografia Geral, em sua obra intitulada Gênese. (Eu tenho preservado um dos primeiros exemplares, com sua dedicatória.) Estas páginas astronômicas ensinaram-me nada. Então não demorei a concluir que elas eram apenas o eco do que eu já conhecia, e que Galileu não tinha mão nelas. Quando escrevi as páginas, estava em uma espécie de sonho acordado. Além disso, minha mão parava de escrever quando eu começava a pensar em outros assuntos."

Depois, Flammarion transcreve um trecho da edição de 1884 de sua obra Les Terres du Ciel onde é dito que o cérebro de um médium escrevente atua apenas um pouco diferentemente do que em seu estado normal, a principal diferença residindo no fato de que no estado normal nós pensamos no que vamos escrever antes do início da escrita, e no estado alterado isto não acontece. No trecho em questão Flammarion também ressalta que nos experimentos de escrita mediúnica é muito fácil enganarmo-nos e acreditarmos que nossa mão está sob influência de outra mente, dizendo ainda que até aquele tempo (1884) o assunto havia sido só levemente examinado de forma científica, "tendo sido mais frequentemente explorado por especuladores do que estudado por cientistas". E continua:

So I wrote in 1884; and I will indorse every word I then wrote, just as it stands. (p. 28)

"Assim eu escrevi em 1884; e eu vou endossar cada palavra que então escrevi, assim como está."

In these first experiences with Spiritualists, of which I have just been speaking, I soon had the entrée of the chief Parisian circles devoted to these matters, and for a couple of years I even took the position of honorary secretary of one of them. A natural or necessary result of this was that I did not miss a single séance. (p. 28)

"Nestas primeiras experiências com os espiritualistas [espíritas], das quais acabo de falar, eu logo tive o "prato principal" dos mais importantes círculos parisienses dedicados a estas matérias, e por um par de anos ainda tomei o cargo de secretário honorário de um deles. Um resultado natural ou necessário disso foi que eu não perdi uma única sessão."

Three different methods were employed to receive communications: (1) writing with the hand; (2) the use of the planchette, to which a lead-pencil was attached, and on which the hands were placed; and (3) table-rapping (or table-moving), operated by the alphabetic code, these raps or the movements of the table marking the desired letter as the alphabet was read aloud by one of those present. (p. 28)

"Três métodos diferentes foram empregados para receber comunicações: (1) a escrita com a mão; (2) o uso da prancheta, para a qual um lápis era anexado, e sobre a qual eram colocadas as mãos; e (3) a mesa batedora (ou mesa movente), operada pelo código alfabético, esses raps ou os movimentos da mesa marcando a letra desejada conforme o alfabeto era lido em voz alta por um dos presentes."

The first of these methods was the only one employed at the Society for Spiritualistic Studies, of which Allan Kardec was president. It was the one which permitted the margin for the most doubt. In fact, at the end of two years of investigations of this kind, which I had varied as much as possible, and which I had entered upon without any preconceived idea for or against, and with the most ardent desire to arrive at the truth, I came to the positive conclusion that not only are the signatures of these papers not authentic, but that the intervention of another mind from the spirit world is not proved at all, the fact being that we ourselves are the more or less conscious authors of the communications by some cerebral process which yet remains to be investigated. The explanation is not so simple as it seems, and there are certain reservations to be made in the general statement above. (pp. 28-29)

"O primeiro desses métodos foi o único empregado na Sociedade de Estudos Espíritas, da qual Allan Kardec era presidente. Tal método dava margem à maior dúvida. De fato, no final de dois anos de investigações deste tipo, que eu tinha variado tanto quanto possível, e as quais eu tinha iniciado sem qualquer ideia preconcebida a favor ou contra, e com o desejo mais ardente de alcançar a verdade, cheguei à conclusão positiva de que não apenas as assinaturas daqueles papeis não eram autênticas, mas que a intervenção de outra mente do mundo do espírito não estava provada de modo algum, o fato sendo que nós próprios somos os autores mais ou menos conscientes das comunicações, por algum processo cerebral que ainda aguarda para ser investigado. A explicação não é tão simples como parece, e há algumas reservas a serem feitas na colocação geral acima."

No parágrafo seguinte Flammarion escreve que as comunicações mediúnicas seguem as linhas de nosso pensamento costumeiro, que o idioma empregado é o nativo do médium e que, se nós não estamos certos sobre a forma de escrever certas palavras, erros de ortografia aparecem. A seguir faz a ressalva de que aquilo que acabara de dizer era apenas fruto de sua experiência pessoal, mas que reconhecia que "existem médiuns que atuam de uma maneira completamente mecânica, sem nada conhecer da natureza daquilo que estão escrevendo, que tratam de assuntos dos quais eles são ignorantes, e além disso até escrevem em idiomas estrangeiros". Então ele fala da possibilidade de telepatia, etc.

Páginas à frente, mostrando verdadeiro espírito científico, Flammarion diz o seguinte em relação particularmente aos raps:

(...) There is, of course, an unseen cause that originates these rappings. Is it within us or outside of us ? Is it possible that we might be capable of doubling our personality in some way without knowing it, of acting by mental suggestion, of answering our own questions without suspecting it, of producing material results without being conscious of it ? Or does there exist, around and about us, an intelligent medium or atmosphere, a kind of spiritual cosmos ? Or, again, is it possible that we are surrounded by invisible non-human beings, gnomes, spirits, and hobgoblins (there may be an unknown world about us) ? Or, finally, is it possible that the spirits of the dead may survive, and wander to and fro, and hold communication with us ? All these hypotheses present themselves to our minds, nor have we the scientific absolute right to reject any one of them. (p. 35)

"(...) Há, evidentemente, uma causa invisível que origina essas batidas. Ela está dentro de nós ou fora de nós? É possível que sejamos capazes de dobrar nossa personalidade de alguma forma, sem que saibamos, de agir por sugestão mental, de responder às nossas próprias perguntas sem que suspeitemos, de produzir resultados materiais sem ter consciência disso? Ou será que existe, em torno e sobre nós, um meio inteligente ou atmosfera, uma espécie de cosmos espiritual? Ou, ainda, é possível que nós estejamos cercados por seres invisíveis não-humanos, gnomos, espíritos e duendes (pode haver um mundo desconhecido ao redor de nós)? Ou, finalmente, é possível que os espíritos dos mortos possam sobreviver, e vagar para lá e para cá, e manter comunicação conosco? Todas essas hipóteses apresentam-se às nossas mentes; não temos nós o direito científico absoluto de rejeitar qualquer uma delas."

Leiamos agora o trecho abaixo:

(...) We were speaking, a few pages back, of the séance drawings and descriptions of Jupiter made by Victorien Sardon. This is the proper place to insert a letter written by him to M. Jules Claretie, and published by the latter in Le Temps at the date when that learned Academician was putting on the boards his drama Spiritisme. The letter is here appended : (pp. 44-45)

"Nós estávamos falando, algumas páginas atrás, dos desenhos e descrições de Júpiter feitos por Victorien Sardon. Este é o lugar apropriado para inserir uma carta escrita por ele ao Sr. Jules Claretie e publicada por este último em Le Temps na data em que o erudito acadêmico estava colocando em cartaz seu drama Spiritisme. A carta está aqui anexada:"

. . . As to Spiritualism, I could better tell you verbally in three words what I think of it than I could write here in three pages. You are half right and half wrong. Pardon my freedom of speech. There are two things in Spiritualism, – (1) curious facts, inexplicable in the present state of our knowledge, and yet authenticated; and (2) the folks who explain them. (p. 45)

". . . Quanto ao Espiritismo, eu poderia dizer melhor verbalmente em três palavras o que penso dele do que poderia escrever aqui em três páginas. Você está meio certo e meio errado. Perdoe a minha liberdade de expressão. Há duas coisas no Espiritismo, - (1) fatos curiosos, inexplicáveis no estado atual dos nossos conhecimentos, e contudo autenticados; e (2) as pessoas que os explicam."

The facts are real. Those who explain them belong to three categories: there are, first, Spiritualists who are imbecile, ignorant, or mad, the chaps who call up Epaminondas and whom you justly make fun of, or who believe in the intervention of the devil; those, in short, who end in the lunatic asylum in Charenton. (p. 45)

"Os fatos são reais. Aqueles que os explicam pertencem a três categorias: há, primeiro, espiritualistas que são imbecis, ignorantes, ou loucos, os rapazes que convocam Epaminondas e dos quais você justamente tira sarro, ou que acreditam na intervenção do diabo, aqueles que, em suma, acabam no hospício em Charenton."

Secundo, there are the charlatans, commencing with D. ; impostors of all sorts, prophets, consulting mediums, such as A. K., and tutti quanti. (p. 45)

"Secundo, existem os charlatães, começando com D.; impostores de todos os tipos, profetas, médiuns de consulta, tais como A. K. e tutti quanti."

Finally, there are the scholars and scientists, who think they can explain everything by juggleries, hallucination, and unconscious movements, men like Chevreul and Faraday, who, while they are right about some of the phenomena described to them, and which really are jugglery or hallucination, are yet wrong about the whole series of original facts, which they will not take the trouble to look at, though they are highly important. These men are much to blame; for, by their plea-in-bar against earnest investigators (such as Gasparin, for example) and by their insufficient explanations, they have left Spiritualism to be exploited by charlatans of all kinds, and at the same time authorized serious amateurs to no longer waste their time over these studies. (p. 45)

"Finalmente, existem os estudiosos e cientistas, que pensam que podem explicar tudo por embustes, alucinação e movimentos inconscientes, homens como Faraday e Chevreul, que, conquanto estejam certos sobre alguns dos fenômenos a eles descritos, e que realmente são malabarismo ou alucinação, estão contudo errados sobre toda uma série de fatos originais, que eles não se deram ao trabalho de olhar, embora sejam muito importantes. Esses homens são muito culpados, pois, por sua forte oposição a investigadores sérios (como Gasparin, por exemplo) e por suas explicações insuficientes, eles deixaram o Espiritismo ser explorado por charlatães de todos os tipos e, ao mesmo tempo, autorizaram amadores sérios a não desperdiçarem seu tempo nestes estudos."

Last of all, there are observers like myself (there are not many of us), who are incredulous by nature, but who have been obliged to admit, in the long run, that Spiritualism concerns itself with facts which defy any present scientific explication, but who do not despair of seeing them explained some day, and who therefore apply themselves to the study of the facts, and are trying to reduce them to some kind of classification which may later prove to be law. We of this persuasion hold ourselves aloof from every coterie, from every clique, from all the prophets, and, satisfied with the convictions to which we have already attained, are content to see in Spiritualism the dawn of a truth, as yet very obscure, which will some day find its Ampère, as did the magnetic currents, and who grieve to see this truth choked out of existence by a dual foe, excess of credulous ignorance which believes everything and excess of incredulous science which believes nothing. (pp. 45-46)

"Por último, há observadores como eu (não há muitos de nós), que são incrédulos por natureza mas que foram obrigados a admitir, a longo prazo, que o Espiritismo preocupa-se com fatos que desafiam toda explicação científica atual mas que não desanimam de vê-los explicados algum dia e que, portanto, aplicam-se ao estudo dos fatos, e estão tentando reduzi-los a algum tipo de classificação que possa mais tarde provar-se lei. Nós, dessa opinião, mantemo-nos distantes de todo círculo, de toda 'panelinha', de todos os profetas, e, satisfeitos com as convicções que já temos alcançado, estamos contentes em ver no Espiritismo o alvorecer de uma verdade ainda muito obscura mas que, algum dia, encontrará o seu Ampère, assim como as correntes magnéticas, e sofremos de ver esta verdade sufocada de existência por uma dupla inimiga, o excesso da ignorância crédula, que acredita em tudo, e o excesso da ciência incrédula, que em nada acredita."

We find in our conviction and our conscience the wherewithal to brave the petty martyrdom of ridicule inflicted upon us for the faith we profess, a faith exaggerated and caricatured by the mass of follies people never fail to attribute to us, nor do we deem that the myth in which they dress us up merits even the honor of a refutation. (p. 46)

"Nós encontramos em nossa convicção e nossa consciência os meios para enfrentar o mesquinho martírio do ridículo infligido sobre nós pela fé que professamos, uma fé exagerada e caricaturada pela massa de pessoas insensatas que nunca deixam de atribuí-la a nós, nem julgamos que o mito no qual eles nos revestem merece sequer a honra de uma refutação."

Similarly, I have never had any desire to prove to anybody whatever that the influence of either Molière or Beaumarchais cannot be detected in my plays. It seems to me that that is more than evident. (p. 46)

"Da mesma forma, eu nunca tive qualquer desejo de provar a qualquer pessoa que a influência seja de Molière ou Beaumarchais não pode ser detectada em minhas peças. Parece-me que isso é mais do que evidente."

Respecting the dwellings of the planet Jupiter, I must ask the good folks who suppose that I am convinced of the real existence of these things whether they are well persuaded that Gulliver believed in "Lilliput,"* [* So in the original. Possibly M. Sardou was under the mistaken impression that Gulliver was a nom-de-plume for Dean Swift.- Trans.] Campanella in the "City of the Sun", and Sir Thomas More in his "Utopia." (p. 46)

"Quanto às habitações do planeta Júpiter, devo perguntar à boa gente que supõem que estou convencido da existência real dessas coisas se eles estão bem persuadidos de que Gulliver acreditava em 'Lilliput'* [*Assim no original. Possivelmente o Sr. Sardou estava sob a equivocada impressão de que Gulliver era um pseudônimo de Dean Swift - Trad.], Campanella na 'Cidade do Sol', e Sir Thomas More em sua 'Utopia'."

What is true, however, is that the design of which you speak [Pl. III.] was made in less than ten hours. As to its origin, I would not give a penny to know about that ; but the fact of its production is another matter. (p. 46)

V. SARDOU.

"O que é verdade, porém, é que o projeto de que você fala [Pl. III] foi feito em menos de 10 horas. Quanto à sua origem, eu não daria um centavo para saber sobre isso, mas o fato de sua produção é outra questão.

V. SARDOU."

Depois, Flammarion escreve que dificilmente passava um ano sequer sem que recebesse de médiuns desenhos de plantas e animais na Lua, em Vênus, Marte, Júpiter e em algumas estrelas, mas que nada ali o convencia de que tais desenhos representavam mesmo coisas de outros mundos. Ao contrário, tudo ali provava ser simples produtos da imaginação: as plantas e animais eram apenas metamorfoses das plantas e animais terrestres, e todos os desenhos possuíam padrão similar. E, voltando a falar se suas próprias experiências como médium, reproduz um texto de 1862 em que ele assinou como Galileu (pp. 47-49), após o que comenta:

These were my customary thoughts. They are the thoughts of a student of nineteen or twenty who has acquired the habit of thinking. There can be no doubt that they were wholly the product of my own intellect, and that the illustrious Florentine astronomer had nothing whatever to do with them. Besides, this would have been a collaboration to the last degree improbable. (p. 49)

"Estes eram os meus pensamentos habituais. Eles são os pensamentos de um estudante de dezenove ou vinte anos que tenha adquirido o hábito de pensar. Não pode haver dúvida de que eles foram completamente produto de meu próprio intelecto, e que o ilustre astrônomo florentino não teve nada a ver com eles. Além disso, esta teria sido uma colaboração muitíssimo improvável."

It has been the same with all the communications of the astronomical class : they have not led the science forward a single step. Nor has any obscure, mysterious, or illusive point in history been cleared up by the spirits. We only write that which we know, and even chance has given us nothing. Still, certain unexplained thought-transferences are to be discussed. But they belong to the psychological or Human sphere. (p. 49)

"Tem sido o mesmo com todas as comunicações da classe astronômica: elas não têm levado a ciência para frente um único passo. Nem tem qualquer ponto da história obscuro, misterioso ou ilusório sido esclarecido pelos espíritos. Nós só escrevemos aquilo que sabemos, e até mesmo a sorte nada nos tem dado. Entretanto, certas inexplicáveis transferências de pensamento devem ser discutidas. Mas elas pertencem à esfera psicológica ou humana."

Depois, Flammarion segue criticando algumas das propaladas "informações científicas" relacionadas a Astronomia envolvendo comunicações de espíritos, refutando-as uma a uma.

Os últimos parágrafos deste capítulo que estamos a transcrever, em especial, são deveras interessantes. Vejam:

We may admit that the sub-conscious acts of an abnormal personality, temporarily grafted upon our normal personality, explain the greater part of mediumistic writing communications. We can see in these also the evident effects of auto-suggestion. But these psycho-physiological hypotheses do not explain all observations. There is something else. (p. 60)

"Podemos admitir que os atos subconscientes de um personalidade anormal, temporariamente 'enxertada' sobre nossa personalidade normal, explicam a maior parte das comunicações por escrita mediúnica. Nós podemos ver nestas também os efeitos evidentes da auto-sugestão. Mas essas hipóteses psicofisiológicas não explicam todas as observações. Há algo mais."

We all have a tendency to want to explain everything by the actual state of our knowledge. In the face of certain circumstances, we say to-day : "It is suggestion, it is hypnotism, it is this, it is that." Half a century ago we would not have talked in this way, these theories not having yet been invented. People will no longer talk in the same way half a century, a century, hence, for new words will have been invented. But let us not be put off with words ; let us not be in such a hurry. (p. 60)

"Todos nós temos uma tendência a querer explicar tudo pelo atual estado de nosso conhecimento. Em face de certas circunstâncias, dizemos hoje: 'É sugestão, é hipnotismo, é isso, é aquilo'. Meio século atrás, não teríamos falado dessa maneira, estas teorias não haviam sido ainda inventadas. As pessoas não falarão da mesma forma daqui a meio século, um século, pois palavras novas terão sido inventadas. Mas não vamos dissuadir com palavras; não vamos ser tão apressados.

We must know how to explain in what way our thoughts conscious, unconscious, sub-conscious can strike blows in a table, move it, lift it. As this question is rather embarrassing, Dr. Pierre Janet treats it as "secondary personality," and is obliged to have recourse to the movements of the toes, to the snapping of the muscles of the fibular tendon, to ventriloquism and the deceptions of unconscious accomplices.* [* Psychological Automatism, p. 401-402]. This is not a sufficient explanation. (pp. 60-61)

"Devemos saber como explicar de que forma nossos pensamentos conscientes, inconscientes, subconscientes podem golpear uma mesa, movê-la, levantá-la. Como esta questão é um tanto embaraçosa, Dr. Pierre Janet a trata como uma 'personalidade secundária', e é obrigado a recorrer aos movimentos dos dedos, ao estalar dos músculos do tendão fibular, ao ventriloquismo e aos enganos de cúmplices inconscientes* [*Automatismo Psicológico, p. 401-402]. Esta não é uma explicação suficiente."

As a matter of fact, we do not understand how our thought, or that of another, can cause raps in a table, by which sentences are formed. But we are obliged to admit it. Let us call it, if you please, "telekinesis"; but does that get us any farther along ? (p. 61)

"Na verdade, nós não entendemos como o nosso pensamento, ou aquele de outra pessoa, pode causar batidas em uma mesa, pela qual sentenças são formadas. Mas somos obrigados a admiti-lo. Vamos chamá-lo, se você quiser, 'telecinesia'; mas isso nos leva adiante?"

There has been talk for some years about unconscious facts, about sub-consciousness, subliminal consciousness, etc. I fear that in these things also we are putting ourselves off with words which do not explain things very much. (p. 61)

"Tem sido falado há alguns anos sobre fatos inconscientes, sobre a subconsciência, a consciência subliminar, etc. Temo que nestas coisas também estejamos nos dissuadindo com palavras que não explicam muito as coisas."

I intend some day, if the time is given me, to write a special book on Spiritualism, studied from the theoretic and doctrinal point of view, which will form a second volume of my work The Unknown and Psychic Problems, and which has been in preparation since the publication of that work in 1899. Mediumistic communications, dictations received (notably by Victor Hugo, Mme. de Girardin, Eugène Nus, and the Phalansterians), will be the subject of special chapters in this volume, as well as the problem, otherwise important, of the plurality of existences. (p. 61)

"Pretendo algum dia, se tempo me for dado, escrever um livro especial sobre o Espiritismo estudado a partir do ponto de vista teórico e doutrinal, que formará um segundo volume do meu trabalho O Desconhecido e os Problemas Psíquicos, e que tem estado em preparação desde a publicação desse trabalho em 1899. Comunicações mediúnicas, ditados recebidos (notavelmente por Victor Hugo, Mme. de Girardin, Eugène Nus, e os Falansterianos) serão o tema de capítulos especiais neste volume, bem como o problema, de outro modo importante, da pluralidade das existências."

It is not my intention to enlarge in this place upon the aspects of the general question. That which I restrict myself to establishing in this book is that there are in us, about us, unknown forces capable of putting matter in motion, just as our will does. (...) (p. 61)

"Não é minha intenção discutir neste lugar sobre os aspectos da questão geral. O que eu me restringi a estabelecer neste livro é que há em nós, sobre nós, forças desconhecidas capazes de colocar a matéria em movimento, assim como faz nossa vontade. (...)"

Para finalizar este post, deixo um resumo da posição de Flammarion sobre suas experiências no "grupo de Kardec" (Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas):
1- Os desenhos "mediúnicos" de Victorien Sardou sobre a vida em Júpiter publicados no número de abril de 1858 da Revista Espírita não representavam a realidade, e a assinatura "Bernard Palissy, de Júpiter" era apócrifa (o próprio Sardou pensava o mesmo anos após a confecção dos desenhos);
2- As mensagens "mediúnicas" de Flammarion assinadas como Galileu e publicadas no livro A Gênese, de Allan Kardec, sob o título "Uranografia Geral", de Galileu não tinham nada;
3- Não só as assinaturas das mensagens recebidas no grupo de Kardec durante os dois anos em que Flammarion lá atuou como secretário não eram autênticas, como não havia qualquer indício de que as mensagens eram, de fato, provenientes de Espíritos.

Você, leitor, que talvez seja daqueles que vivem a propagar aos quatro ventos que o trabalho de Kardec foi impecável, ultracientífico, etc. e tal, o que pensa de tudo isso?...

(Este post sofreu leves alterações em 18.06.11)

(Acessando http://pt.scribd.com/doc/66752341/ Flammarion-vs-Kardec você poderá baixar este texto em formato *.pdf - nota de 29.09.11)

3 comentários:

  1. Textos como este são muito importantes para a compreensão correta do espiritismo e do trabalho de Kardec. A pergunta final é pertinente, principalmente se dirigida aos que, por total desinformação e muito preconceito, acusam os "espíritas religiosos" de causarem o repúdio da academia à "ciência de Kardec"; como se este precisasse de ajuda para revelar-se como o fundador de uma religião.

    ResponderExcluir
  2. Flamarion pode ter achado estranho Kardec não querer usar as mesas girantes para as tais comunicações, mas é que neste ano, 1861, esse tipo de recurso já estava superado: o médium, com o lápis em sua mão, podia produzir o mesmo que a mesa.

    Quanto ao tal Uranografia, Flamarion já devia falar a Kardec sobre suas dúvidas: NADA de novo saiu dela. Poderia ter dito apenas "contribuição de Camille Flamarion" e não assinado como Galileu, médium CF...

    As outras divagações já tinham sido analisadas por Kardec no Livro dos Médiuns. Em algum momento perdiam para tal e qual evento observado.

    ResponderExcluir
  3. Em relação à mensagem "Uranografia Geral": Flammarion pode sim ter sido utilizado como médium pelo espírito Galileu ou por outro espírito "Quando escrevi as páginas, estava em uma espécie de sonho acordado".
    As dúvidas que Flammarion veio a ter e as críticas que veio a fazer neste texto não mudam em absolutamente nada o trabalho da Codificação Espírita.
    As dúvidas de Sardou também não alteram em nada o trabalho da codificação. Os desenhos de Victorien Sardou podiam ser mistificações, reais ou mesmo produto de animismo, que também não alteram em nada o trabalho da codificação de Kardec.

    ResponderExcluir

ATENÇÃO: Favor não se registrarem com pseudônimos (a menos que associados a alguma conta digital). Comentários fora de contexto ou que apresentem linguagem de baixo calão serão apagados.